quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

Saiba como preparar uma ceia de natal sustentável

Além de valorizar os sabores e raízes de nosso país, usar ingredientes locais é a melhor forma de ter uma ceia de fim de ano mais solidária às pessoas e ao meio ambiente.


Basta chegarem as festas de fim de ano para a mesa se tornar farta em estrangeirismos: nozes, pistaches, amêndoas, tâmaras, cerejas nada próprio de nossa culinária e tudo quase sempre importado. O peru se consagrou como prato natalino na Inglaterra e foi trazido para cá pelos portugueses. O hábito das frutas secas e frescas veio dos Estados Unidos. O panetone é herança da Itália. Essa é a ceia dos grandes centros urbanos.

No interior é pouco diferente, até porque o acesso é mais restrito. O peru brasileiro é a galinha caipira, diz a chef de cozinha Ana Luisa Trajano. Longe de um Natal com neve, pinheiro branco, lareira e Papai Noel que desce pela chaminé, as ceias do Brasil podem ter gosto de tapioca, farofa de milho, biju, cuca e pernil. Mais gostoso ainda é saber que, além de valorizar os sabores e as raízes de nosso país, usar ingredientes locais é a melhor maneira de tornar as festas de fim de ano mais sustentáveis. Veja só: os alimentos não precisarão se deslocar por distâncias absurdas diminuindo a poluição causada pelos meios de transporte, e você ainda estimula a agricultura e a economia locais.

Confira a seguir seis preciosas dicas para ter uma ceia que respeita a natureza, a comunidade e também tradições.

1. Planeje a ceia

Primeira lição: ao planejar o cardápio da ceia, pense nos convidados, no que eles gostam, se têm alguma restrição alimentar, como não comer carne ou açúcar. E qual a quantidade ideal de comida? Como bem lembra o historiador da alimentação Carlos Roberto Antunes dos Santos fim de ano é tempo de fartura. O consumo em excesso faz parte de uma liturgia, de celebrar coisas que deram certo durante o ano. A ceia farta é uma demonstração de vitória, afirma. Mas isso não deve significar desperdício. Portanto, vale seguir as sugestões da chef Morena Leite quanto à quantidade de gostosuras por convidado.

Anote aí:

· Oito canapés;
· 250 gramas de carne ou peixe;
· 200 gramas de acompanhamento (arroz, legumes etc.)
· Fatias pequena de quatro tipos de doces;
· Faça a salada em porções individuais, em copinhos, e deixe para temperar na hora.

2. Use ingrediente orgânico e local

Diversos ingredientes podem ser encontrados na versão orgânica: frutas, verduras e legumes, açúcar, achocolatado, azeite, laticínios, sucos, café, cerveja, vinho, pães, bolos e tortas, molhos, compotas e até carne, além do frango criado solto e livre de hormônios e antibióticos. Os produtos orgânicos certificados são sinal de uma produção que respeita a natureza e as pessoas ao seu redor. Melhor ainda se essa produção for local.

Ok, você pode estar se questionando: num mundo de hipermercados e produtos industrializados, como saber a verdadeira origem dos alimentos? O jeito é perguntar. Garanto que se todos nós começarmos a questionar a origem dos ingredientes na hora das compras, os supermercados, padarias e quitandas vão passar a disponibilizar essa informação, diz Helio Mattar. Fique de olho também nas listas de pontos de vendas de alimentos orgânicos, como as disponíveis nos sites Portal Orgânico e Planeta Orgânico, ou encomende cestas com esse tipo de alimento a maioria de seus comerciantes informa os fornecedores.

3. Compre de cooperativas

Para traduzir o espírito de solidariedade do Natal na ceia, compre quitutes e utensílios produzidos por pequenas comunidades ou projetos sociais. Fala-se muito em desmatamento na Amazônia. Mas que contrapartida oferecemos para que a população local consiga sobreviver sem explorar de forma negativa a floresta? Por isso, só trabalho com frutos amazônicos. As árvores precisam estar de pé para que eles sejam colhidos, diz Iolane Tavares, da marca de chocolates Frutos da Amazônia, que faz panetones com ingredientes como castanha- do-Brasil e cupuaçu colhidos por habitantes locais.

O comércio ético e solidário é também um dos três princípios do trabalho do bufê paulista Cacauí, que adquire tudo o que usa em seus eventos de cooperativas, associações comunitárias e pequenos produtores rurais orgânicos. Que tal se inspirar no exemplo dela? Se não houver uma associação comunitária perto de você, preste atenção nas estantes de empórios e mercados, pois volta e meia se encontram produtos artesanais com uma etiqueta que identifica seu apelo social.

4. Importe só originais

Não tem jeito, você adora nozes e cerejas e não titubeia ao investir em um bom espumante francês. Respeite suas próprias tradições. Talvez a palavra importante no sustentável seja equilíbrio. E o equilíbrio tem que passar pelo sabor, afirma o chef João Belezia, de São Paulo. Lembre-se: ceias de fim de ano são momentos especiais. Se você tem convidados que gostam ou entendem de vinho, por exemplo, é melhor ter um vinho importado de qualidade que ter um pior só porque é da região.

6. Prefira o comércio do bairro

Todas as dicas anteriores lhe pareceram apetitosas. Mas tradição para você é comer pistache e damasco que vêm na cesta de Natal da empresa. Tudo bem. Você ainda tem uma chance de ter uma ceia menos insustentável: faça as compras no comércio local. Além de fortalecer a economia do seu bairro, você diminui a necessidade de deslocamento o que é mais aprazível e menos poluente. Dependendo da distância, dá até para fazer compras a pé, usando uma sacola retornável bem resistente, ou de bicicleta. Se for pegar o carro, faça uma lista bem completa e resolva tudo de uma vez.

Com informações do M de Mulher.

Nenhum comentário:

Postar um comentário